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PARALISIA CEREBRAL - CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DESPORTIVA

SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO CP-ISRA

  1. A Classificação Funcional na ANDE:

A ANDE segue as determinações estabelecidas pela 9ª Edição do Manual de Classificação e Regras Desportivas da CP-ISRA (2005/2008). Este manual pode ser consultado no site www.cpisra.org .

  1. O Propósito da Classificação Funcional:

Dar a todos os atletas participantes dos eventos da ANDE um ponto inicial na sua classe funcional assegurando um agrupamento funcional mais justo possível.

  1. A Classificação Funcional Nacional:

Todos os atletas participantes em eventos da ANDE devem receber uma classificação funcional de nível nacional, sendo válida para todos os eventos no Brasil. Todos os classificadores funcionais devem ter participado de cursos internacionais de classificação sancionados e realizados pela CP-ISRA.

  1. A Classificação Funcional Internacional:

Todos os atletas participantes em eventos da CP-ISRA devem receber uma classificação funcional de nível internacional, sendo válida para qualquer evento realizado no mundo e sancionado pela CP-ISRA e pelo IPC.

  1. O Processo da Classificação Funcional:

§ A ANDE será a responsável e designará o painel de classificação, com classificadores funcionais habilitados pela ANDE a exercerem esta função.

§ Em cada evento terá um classificador que será nomeado como Coordenador da Classificação, sendo o responsável por toda a parte administrativa da classificação funcional.

§ Existem as seguintes denominações das categorias das classes funcionais (status da classe funcional):

PRÉ-COMPETIÇÃO

PERÍODO APÓS CLASSIFICAÇÃO

PERÍODO APÓS
1ª PARTICIPAÇÃO

CN (Categoria Nova)

CNC (Categoria Nova de Competição)

CR (Categoria de Revisão)

CR (Categoria Revisão)

CRC (Categoria de Revisão de Competição)

CP(Categoria Permanente)

§ Um atleta inscrito na competição e que não possui classe funcional, deverá ser inscrito como SEM CLASSE, no momento do envio da sua inscrição, automaticamente a categoria de sua classe funcional será CN (Categoria Nova) e deverá participar da classificação funcional no Período Pré-Competição.

§ Um atleta inscrito na competição como um atleta que apresenta a categoria de sua classe funcional como sendo CR (Categoria Revisão), deverá participar da classificação funcional no Período Pré-Competição.

§ Caso o atleta seja inscrito com a categoria de sua classe funcional como sendo CR (Categoria de Revisão), mas não apresente a necessidade para participar da classificação funcional no Período Pré-Competição, este deverá participar EFETIVAMENTE dos jogos, para que o painel de classificação possa analisar o seu desempenho em jogo. Esta informação deverá ser enviada aos clubes, pelo Departamento de Classificação da ANDE assim que o mesmo receba as inscrições dos atletas, cruzando as informações com o Banco de Dados da Classificação Funcional da ANDE.

§ O Coordenador da Classificação para o evento em questão, deverá enviar aos clubes a lista dos atletas que deverão passar pelo processo de classificação funcional no Período Pré-Competição, assim que o mesmo receber a lista de inscritos dos clubes.

§ A Classificação Funcional de uma atleta NÃO SE ENCERRA após o processo de classificação que antecede os jogos. O atleta que receber a categoria de sua classe funcional como sendo CNC (Categoria Nova de Competição) e/ou CRC (Categoria de Revisão de Competição), deverá ser observado tanto durante os jogos como durante o treinamento, se for o caso.

§ O Coordenador da Classificação para o evento em questão, deverá confirmar através de divulgação no Boletim Informativo a categoria da classe funcional de cada atleta participante do evento em questão, antes do final da competição, devendo ser CR (Categoria de Revisão) e/ou CP (Categoria Permanente). Também deverá estar disponível no site da ANDE (www.ande.org.br) as informações sobre a classe funcional e sua categoria.

§ Uma vez que o Coordenador da Classificação confirmar a categoria da classe funcional, este deverá providenciar que esta informação esteja disponível no Banco de Dados da Classificação Funcional da ANDE, assim como deverá providenciar a Carteira de Classificação Funcional de Atleta, com as informações mais relevantes de sua classe funcional.

§ Todo participante deverá apresentar a Carteira de Classificação Funcional de Atleta, quando o mesmo for convocado para participar do Processo de Classificação Funcional, em qualquer evento de nível nacional, sancionado pela ANDE. Caso houver um erro na convocação e na classe e categoria funcional, o atleta deverá comparecer ao Processo de Classificação Funcional e apresentá-la ao painel de classificação para as devidas correções.<

§ O atleta só receberá a categoria de classe funcional permanente (CP) após participar de no mínimo 2 (duas) e no máximo 3 (três) Processos de Classificação Funcional, em eventos sancionados pela ANDE.

§ Caso o atleta participe de um evento internacional, sancionado pela CP-ISRA, durante o período em que apresente a categoria funcional CR (Categoria de Revisão), de nível nacional e seja estabelecido pelos classificadores de nível internacional que o mesmo deve ter uma classe funcional internacional como sendo PS (Permanent Status), o atleta passa AUTOMATICAMENTE a ter uma classe funcional nacional na categoria CP (Categoria Permanente).

§ Toda e qualquer classificação funcional internacional, sancionada pela CP-ISRA, a um atleta brasileiro AUTOMATICAMENTE passa a valer para a classificação funcional nacional, em eventos sancionados pela ANDE.

§ A equipe de classificadores da ANDE, não tem autonomia para mudar uma classe funcional internacional, homologada pela CP-ISRA, mesmo sendo classificadores com acreditação internacional da própria CP-ISRA. A classificação funcional em eventos internacionais é soberana em relação à classificação funcional nacional.

§ Todo atleta deve estar totalmente preparado para ser classificado:

i. Deve-se apresentar devidamente vestido para a classificação (short, camisa, tênis/chuteira).

ii. Aquecido e pronto para o desempenho desportivo.

iii. Carteira de Identidade e/ou Carteira de Classificação Funcional de Atleta deve estar sempre à mão.

iv. Nome completo, devidamente preenchido conforme a ficha de inscrição.

v. Apresentar-se para o Processo de Classificação Funcional juntamente com um representante legal do clube.

vi. Preencher o Termo de Autorização para a Classificação Funcional antes de se apresentar para a mesma.

vii. Apresentar toda informação necessária sobre a sua patologia, seus medicamentos e cirurgias realizadas, bem como o Laudo Médico (quando for o caso ou solicitado pela equipe de classifcadores).

INTRODUÇÃO:

Para se classificar um atleta com paralisia cerebral, é preciso conhecer as técnicas empregadas na classificação. Ninguém consegue praticar esportes, neste caso os que estão no sistema CP-ISRA, sem entender o próprio sistema de classificação. Isto garante a todos os mesmos princípios básicos.

A seguir daremos algumas explicações sobre os procedimentos de classificação e o perfil funcional de cada classe, de acordo com a última edição do Manual de Classificação e Regras de Jogo da CP-ISRA.

CLASSIFICAÇÃO VISUAL DO PERFIL FUNCIONAL:

O primeiro passo é considerar se o atleta pode ser colocado em uma classe de cadeirante (de 1 a 4) ou em uma classe de andante (de 5 a 8), através da observação visual.

AVALIAÇÃO FUNCIONAL:

Um classificador deve adotar um processo de avaliação através de testes motores grossos, ou seja, testes com os principais grupamentos musculares de natureza geral e não específica, no primeiro momento. Depois deste processo, se deve então, realizar testes de natureza específica, ou seja, movimentos de acordo com o desporto praticado do atleta. O correto é se fazer uma classificação objetiva e não subjetiva.

Observe quando o atleta tocar a cadeira, andar, correr em várias velocidades, parar, reiniciar a corrida e mudar de direções. Considere o efeito da deficiência no indivíduo. Ë um fator de equilíbrio? Está afetando o sincronismo dos braços, das pernas, do tronco e cabeça? O controle da cadeira ou do corpo afeta o ritmo? Freqüentemente a classe de um atleta pode ser determinada através destes testes e observações.

FATORES IMPORTANTES NA AVALIAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES, SUPERIORES, TRONCO E MÃOS:

MEMBROS INFERIORES: Uma avaliação da função do membro inferior deve incluir testes de amplitude de movimento ativo e passivo. Se existir uma limitação em um atleta andante, esta limitação afeta o equilíbrio, ou induz a uma resposta compensatória na forma de chute, de um movimento curto?

CONTROLE DO TRONCO: Esta é uma área que freqüentemente é omitida nas classes de cadeirantes, mas que pode, quase sempre, ser um fator determinante, especialmente entre as classes C3 e C4 aonde flexão e rotação do tronco são fatores decisivos. Também pode ser um fator na diferenciação entre as classes C5 e C6. Exemplos de testes para se avaliar o controle do tronco são:

  • Avaliar a habilidade do atleta de se curvar (flexão) efetivamente, tocar os dedos dos pés e retornar a posição inicial.
  • Observar a mobilidade do tronco do atleta, equilíbrio e rotação durante um ato de arremessar.

Em cada momento, o movimento do tronco deve ser cuidadosamente observado.

MEMBROS SUPERIORES: Uma avaliação da função do membro superior deve incluir testes de amplitude de movimento ativo e passivo. Pode-se pedir ao atleta que demonstre um movimento de braço específico ao ato de tocar uma cadeira, de correr e/ou de arremessar. Freqüentemente o completo efeito da lesão cerebral pode não ser evidente, a menos que o atleta execute o movimento específico do desporto.

CONTROLE DAS MÃOS: O primeiro passo, é testar o aperto funcional da mão. O aperto estático da mão e a sua soltura devem ser avaliados. O aperto e a soltura da mão devem ser observados durante o arremesso assim como o efeito que pode causar durante o movimento específico do braço no desporto.

OBS: A classe de um atleta não é afetada pela idade, experiência, nível cognitivo, nível de aptidão física, equipamento, etc. O fator chave é: o nível de espasticidade, de atetose e de ataxia, da paralisia cerebral.

PERFIS DE CLASSIFICAÇÃO:

PERFIL FUNCIONAL – CLASSE 1

Quadriplegia (tetraplegia)

Implicação severa. Grau de espasticidade de 4 a 3+, com ou sem atetose ou com pouca amplitude de movimento funcional e pouca força funcional em todos os membros e troncos OU atetose severa com ou sem espasticidade com pouca força e controle funcional. Depende de cadeira elétrica ou de ajudante para se movimentar. Incapaz de mover a cadeira funcionalmente.

Membros inferiores – Considerado não funcional em relação a qualquer esporte devido à limitação na amplitude de movimento, força e/ou controle. Movimentos mínimos ou involuntários não devem mudar a classe do atleta.

Controle de tronco – Muito pouco controle de tronco estático e dinâmico ou inexistente. Dificuldade severa em ajustar a coluna em relação à linha média do corpo ou na posição ereta quando executando movimentos específicos ao desporto.

Membros superiores – Limitação severa na amplitude de movimento funcional ou atetose severa são os principais fatores em todos os esportes e movimento de arremesso reduzido com pouca finalização do movimento, é evidente. Oposição do dedo polegar com outro dedo pode ser possível, permitindo o atleta a realizar o aperto da mão.

Ø PISTA: Propulsão manual, se possível, não é funcional. Note que um atleta em uma cadeira elétrica pode ter mais habilidade funcional nos braços e mãos do que é imediatamente evidente. Portanto, é essencial se avaliar formalmente as funções dos braços e mãos para se determinar se o atleta se encaixa no perfil de uma classe superior.

Ø CAMPO: Determinado, claramente, pela pouca função na mão ao se segurar um club, peso ou disco, em conjunção com o movimento de arremesso. O atleta poderia ter, de alguma maneira, uma função estática adequada da mão, mas pode ter menos função quando arremessando devido à atuação da atetose ou da espasticidade.

Ø NATAÇÃO: Embora a função possa parecer que melhore ou se deteriore na água, a avaliação da coordenação das braçadas, pernadas e da mão é muito pobre em termos de propulsão, sendo isto bem claro para esta classe.

PERFIL FUNCIONAL – CLASSE 2

Quadriplegia (tetraplegia)

Implicação de severa a moderada. Grau de espasticidade de 3+ a 3 com ou sem atetose. Atetose severa ou tetraplegia com mais função no lado menos afetado. Pouca força funcional em todos os membros e no tronco, mas capaz de movimentar a cadeira.

Membros inferiores – Apresenta um grau demonstrável de função em um ou em ambos membros permitindo propulsão na cadeira, automaticamente qualifica o atleta para a classe 2 (baixa). Se a equipe de classificação determinar que a função do membro inferior é mais apropriada para uma classe mais elevada, então o atleta não será classificado na classe 2. Os atletas da classe 2 (alta ou baixa) podem, algumas vezes, andar, mas nunca correr.

Controle de tronco – Controle estático é satisfatório. Pouco controle dinâmico do tronco como demonstrado pelo uso obrigatório dos membros superiores e/ou da cabeça para ajudar no retorno do tronco à linha média do corpo (posição ereta).

Membros superiores – mãos – Implicação de severa a moderada. Grau de espasticidade 3. Se a função da mão e do braço é como a descrita como na classe 1, então os membros superiores determinarão se a classe 2 é a mais apropriada.

O atleta de classe 2 (alta) freqüentemente tem um aperto de mão cilíndrico ou espiral e pode demonstrar destreza suficiente para manipular e arremessar uma bola, mas demonstrará pouco aperto e soltura da mão. Movimentos de arremesso devem ser testados para se observar os efeitos da função da mão. A propulsão da cadeira através dos membros superiores também é demonstrada. A amplitude de movimento ativo é moderada a severamente diminuída, mas a função da mão é o ponto chave.

Ø PISTA: Classe 2 (baixa): provas de pista envolvendo os membros inferiores são realizadas usando um pé para propulsar a cadeira. A cadeira pode ser movida para frente ou para trás, mas tem que ser propulsada somente pelos pés. Classe 2 (alta): provas envolvendo os membros superiores são realizadas usando um ou ambos os braços para propulsar a cadeira. A propulsão da cadeira é restrita devido ao pouco controle e/ou a espasticidade de grau 3.

Ø CAMPO: Atletas que utilizam os membros inferiores propulsarão a cadeira através de chutes ou empurrões dos pés. Um atleta de bocha da classe 2 (baixa) que escolhe usar o pé para lançar a bola, deve utilizar uma bola BCI. Atletas que utilizam os membros superiores com atetose podem demonstrar rotação satisfatória durante o arremesso com uma soltura da mão ineficaz. Em atletas com espasticidade ou atetose o tronco realiza uma contribuição muito limitada para a propulsão do implemento. Os atletas podem competir em eventos de membros superiores e inferiores.

Ø NATAÇÃO: É evidente o ciclo rítmico com propulsão básica através de dois membros, se possível. Nadadores da classe 2 com atetose podem ser capazes de obter uma coordenação básica de braçada na água. A função melhorada dos membros superiores e inferiores e a amplitude do movimento é vista como a comparada a nadadores da classe 1, embora possa não contribuir a favor de uma propulsão efetiva.

PERFIL FUNCIONAL – CLASSE 3

Quadriplegia (tetraplegia), hemiplegia severa

Quadriplegia (assimétrica ou simétrica) moderada ou hemiplegia severa, sendo cadeirante, com força funcional quase que normal no membro superior dominante. É raro para um atleta com atetose ser incluído nesta classe a não ser que ele apresente um perfil predominantemente de hemiplegia ou triplegia com função quase normal no membro superior dominante. Pode propulsar a cadeira independentemente.

Membros inferiores – Grau de espasticidade de 4 a 3. Algumas funções que são demonstráveis, podem ser observadas durante a transferência. Pose ser capaz de andar com ajuda de uma pessoa ou de muletas, porém em distâncias curtas.

Controle de tronco – O controle do tronco é satisfatório quando se observa tocando a cadeira, mas o movimento de inclinação para frente do tronco é freqüentemente limitado. Alguns movimentos do tronco podem ser percebidos no arremesso, também, tentando corrigir a postura, entretanto o movimento de arremesso vem, na maioria das vezes, do braço. Este é um fator principal para pessoas que não andam. A rotação é limitada. Grau de espasticidade 2+.

Membros superiores – Limitação moderada com grau de espasticidade 2+ no braço dominante, demonstrando limitação na extensão do braço após a finalização do movimento de arremesso.

Função da mão – Mão dominante pode demonstrar aperto cilíndrico e espiral, com pouca destreza dos dedos demonstrável quando da soltura do peso e do disco, no arremesso.

Ø PISTA: Para se diferenciar entre as classes 3 e 4, a mobilidade do tronco na propulsão da cadeira, e na função da mão são importantes. Se um atleta demonstrar muito pouca habilidade para usar movimentos rápidos do tronco na hora de tocar a cadeira, ou assimetria significante no movimento do braço ou aperto e soltura da mão que impedirá o desenvolvimento do movimento para frente, então ele estará na classe 3. Um atleta que usa somente um braço para tocar a cadeira podendo ter movimentos longos ao faze-lo e aperto e soltura da mão rápidos no braço dominante, ainda assim estará na classe 3.

Ø CAMPO: Algumas vezes um atleta hemiplégico com grau de espasticidade de 4 a 3 no braço não dominante, ou um atleta diplégico assimétrico de classe 3 é mais apropriado estar na classe 4. Contudo, uma observação mais precisa deve ser feita no movimento do tronco, sendo este freqüentemente o fator determinante. Em todos os casos, o movimento de finalização do arremesso e a soltura da mão, são considerações fundamentais a serem levadas em conta.

Ø NATAÇÃO: Braços assimétricos e/ou limitação na coordenação do ombro. Pernas envolvidas com espasticidade crescente, por exemplo, flexão de quadril e dorsiflexão dos pés. Falta de coordenação entre pernas e braços. Espasticidade limitante nos ombros, braços e dedos são características importantes nesta classe.

PERFIL FUNCIONAL – CLASSE 4

Diplegia

Implicação de moderada a severa. Boa força funcional com mínima limitação ou problemas de controle percebidos nos membros superiores e no tronco.

Membros inferiores – Implicação de moderada a severa em ambas as pernas. Grau de espasticidade de 4 a 3 geralmente causando ação não funcional para andantes em distâncias longas sem o uso de equipamentos que possam ajudar. Geralmente a cadeira de rodas é escolhida para o desporto.

Tronco – Grau de espasticidade de 2 a 1. Limitação mínima nos movimentos de tronco quando tocando a cadeira e arremessando. Em alguns atletas a fadiga pode aumentar a espasticidade a qual pode ser superada com um posicionamento adequado. Quando em pé, é óbvio o pouco equilíbrio até mesmo utilizando apoio.

Membros superiores – Normalmente apresentam força funcional normal. Mínima limitação da amplitude do movimento pode ser apresentada, porém um movimento de finalização de arremessos e de propulsão da cadeira normal é observado quando do arremesso e da propulsão da cadeira.

Função da mão – Oposição cilíndrica/esférica normal e a força de preensão é observada em todos os desportes. Pouca limitação se for o caso, é normalmente aparente só durante tarefas motoras finas rápidas. Deve-se lembrar que a diplegia implica em ter mais espasticidade nos membros inferiores do que em membros superiores. Algumas implicações de grau de espasticidade de 2+ a 1 podem ser vistas particularmente em movimentos funcionais das mãos, braços e tronco.

Ø PISTA: O atleta é capaz de executar movimentos longos e fortes, com aperto e soltura da mão rápida, contudo movimentos finos das mãos podem ser afetados. Durante a propulsão, estes movimentos finos não são essenciais. Os movimentos dos braços são auxiliados por movimentos fortes do tronco nas direções para frente e para trás. Se estes movimentos não ocorrerem, o tronco está bem equilibrado e forma uma base estável para os movimentos dos braços. Ao se fazer uma curva na cadeira de rodas, o tronco segue a cadeira sem prejudicar o equilíbrio.

Ø CAMPO: Em competições de arremesso, o tronco faz um movimento complicado, forte e rápido. Este movimento é complicado porque é exigido coordenação na rotação , flexão frontal e lateral (mais complicado do que em movimentos exigidos na propulsão). Por causa da leve espasticidade na musculatura do tronco e da influência negativa da espasticidade das pernas, alguns distúrbios podem ser vistos quando força e velocidade são exigidos. Leve fraqueza em movimentos finos pode apresentar problemas durante a soltura do disco e pouco menos no dardo. Problemas ainda menores podem ser apresentados no peso.

A classificação entre as classes 4 e 5, em provas de campo, é considerada um problema de preferência do atleta se são funcionalmente elegíveis. O hemiplégico na cadeira de rodas com um braço funcional e livre movimento do tronco é classificado na classe 4 para competições de campo (também veja prova de campo para a classe 3).

Ø NATAÇÃO: Braços simétricos e menor restrição na cintura escapular (menor do que na classe 3), possivelmente apresentem muito pouco problema de coordenação. O arrasto das pernas é evidente por causa da flexão passiva de quadril, rotação interna da perna e/ou dorsiflexão das pernas. Alguns nadadores também podem apresentar arrasto das pernas por causa das pernas enrijecidas. Nadadores nesta classe não mergulham (saída) e terão impulso limitado nas viradas.

PERFIL FUNCIONAL – CLASSE 5

Diplegia

Implicação moderada. O atleta pode necessitar do uso de equipamentos ao andar, mas não necessariamente quando estiver em pé ou arremessando. Uma mudança do centro de gravidade pode levar a perda do equilíbrio. Um que tem triplegia pode se apresentar nesta classe.

Membros inferiores – Grau de espasticidade de 3 a 2. Implicação em uma ou em ambas as pernas que podem exigir equipamentos para auxiliar no andar. O atleta de classe 5 pode ter função suficiente para correr na pista. Se a função é insuficiente, a classe 4 pode ser a mais apropriada para ele.

Equilíbrio – Normalmente apresenta equilíbrio estático normal, mas pode exibir problemas no equilíbrio dinâmico, por exemplo, tentando um giro ou arremesso de maneira forte.

Membros superiores – Este é um ponto em que ocorrem variações. Alguma limitação de moderada a mínima nos membros superiores podem freqüentemente ser observadas, particularmente quando arremessando, mas a força se apresenta normal.

Função da mão – Aperto cilíndrico/esférico normal. Oposição, preensão e soltura da mão dominante é observado em todos os esportes.

Ø PISTA: Alguns atletas com diplegia e grau de espasticidade de 3 a 2 são capazes de correr.

Ø CAMPO: O maior problema é o equilíbrio dinâmico e sua função quando em pé, com ou sem equipamento para ajuda-lo. Atletas da classe 5 podem usar uma ajuda nas provas de campo.

Ø NATAÇÃO: Cintura escapular simétrica e potência do tronco. Amplitude de movimento do quadril e da perna é maior do que em nadadores da classe 4. Implicação no joelho e na dorsiflexão do tornozelo são menores do que em nadadores da classe 4. Movimentos básicos recíprocos são possíveis, mas isto não quer dizer que tenha pernadas efetivas para a propulsão. Mergulhos (saídas) funcionais básicas e viradas podem ser possíveis.

PERFIL FUNCIONAL – CLASSE 6

Atetóide ou atáxico

Implicação moderada. O atleta anda sem a ajuda de equipamentos. A atetose é o fator mais prevalecente, embora alguns quadriplégicos espásticos andantes, por exemplo, aqueles que apresentam mais envolvimento nos braços do que em andantes diplégicos, podem se encaixar nesta classe. Todos os quatros membros apresentam, normalmente, envolvimento funcional nos movimentos do esporte realizado. Os atletas da classe 6, normalmente tem mais problemas de controle dos membros superiores do que os atletas da classe 5, embora este, normalmente tenha melhor função nos membros inferiores, particularmente quando corre.

Membros inferiores – A função pode variar, consideravelmente, dependendo da habilidade desportiva envolvida, podendo ser pouca, trabalhosa (elaborada), de andar lento e chegando até a uma corrida, a qual sempre demonstra uma melhor mecânica. Pode haver um contraste marcado entre o andar atetóide com corrida descoordenada e o ritmo suave da ação coordenada de correr e pedalar. Uma corrida de aproximação no lançamento de dardo é possível.

Equilíbrio – Pode ter bom equilíbrio dinâmico comparado com o equilíbrio estático. A espasticidade é comum em atletas desta classe e não deveria ser motivo para colocá-los na classe 5.

Membros superiores e controle da mão – A preensão e a soltura da mão podem ser, significativamente afetadas, quando do arremesso em um atleta com atetóide de nível moderado a severo. Quanto maior a presença da espasticidade maior é o limite no pós arremesso e na manutenção do equilíbrio após o arremesso.

Ø PISTA: Atetose significa instabilidade, não ter a capacidade de se permanecer estável. Uma conseqüência é que na saída pode-se apresentar dificuldades (saída falsa). Contudo, movimentos cíclicos são melhores executados como, ciclismo, corrida e estilo livre, na natação. Movimentos que necessitam de explosão muscular, também são difíceis de serem executados. Isto é demonstrado no salto em distância, quando um atleta pode ter boa velocidade, mas pouca impulsão, ocasionando em uma distância pequena.

Ø CAMPO: Em provas de arremessos, movimentos de explosão são requeridos. Pela mesma razão das provas de pista, atletas com atetóide têm dificuldades em demonstrar força explosiva. Isto é, particularmente, observado em provas de arremesso de peso. Atletas com ataxia podem demonstrar estes problemas em um nível menor, pois o tremor é estabilizado pelo peso do implemento.

Ø NATAÇÃO: Esta é a principal classe para nadadores com atetose. Os problemas de coordenação geral serão evidentes e podem ser menos visíveis na água do que fora dela. Alguns atletas com ataxia se enquadram nesta classe. Muito, mas muito pouco nadadores com atetose se enquadram na classe 8, somente quando é percebido que a atetose não impede, basicamente, a técnica.

PERFIL FUNCIONAL – CLASSE 7

Hemiplégico

Esta classe é para atletas verdadeiramente hemiplégicos andantes. Um atleta da classe 7 tem grau de espasticidade 3 a 2 em uma metade do corpo. O atleta caminha sem a ajuda de qualquer equipamento, mas freqüentemente com um andar manco, devido a espasticidade no membro inferior. Boa habilidade funcional no lado dominante do corpo.

Membros inferiores – Hemiplegia com grau de espasticidade 3 a 2. O lado dominante tem um desenvolvimento melhor e uma boa finalização do movimento de andar e correr. O atleta tem dificuldade em andar de calcanhar e tem dificuldade significativa em saltar com a perna comprometida. O andar de lado, em direção à perna comprometida, também é afetado.

Atletas com atetose de moderada a mínima NÃO se enquadram nesta classe.

Membros superiores – O controle de braço e de mão só é afetado no lado não-dominante. Existe um controle funcional bom no lado dominante.

Ø PISTA: Ao caminhar, os atletas da classe 7 demonstram um andar manco, no lado afetado. Durante uma corrida, este sintoma pode desaparecer quase que totalmente. A razão para isto é que ao andar a perna sustenta o peso do corpo no calcanhar, sempre na fase de apoio da marcha, o que a torna em uma ação muito difícil para pessoas com espasticidade. Ao correr, esta fase some, cabendo somente a parte anterior do pé tocar o solo, dando suporte e impulsão. Os músculos da panturrilha, nos atletas da classe 7, facilitam a impulsão, evitando que o calcanhar seja necessário para isto. Desta forma, um padrão de corrida se torna mais normal.

Durante o andar, o braço afetado está quase sempre flexionado, numa posição que lembra a de uma asa de pássaro. Durante a corrida, ambos os braços, ficam flexionados na altura do cotovelo. Isto significa que durante a corrida existe menos diferença entre as posições dos braços. Consequentemente, o atleta hemiplégico demonstra na corrida um padrão de movimento quase normal. O treinamento, fará com que se melhore este padrão de movimento. Contudo, o atleta experimenta uma restrição causada pela espasticidade durante um movimento rápido e também distúrbios na coordenação durante a rotação de tronco. Isto significa que a ação de um bom corredor não o muda da classe 7 para a classe 8.

O atleta da classe 7 demonstra fraqueza no joelho, durante uma aceleração de velocidade (sprint) e um comprimento de passada assimétrico devido a falta de rotação completa do quadril e a espasticidade dos músculos posteriores da coxa, desacelerando a perna muito rapidamente, no lado comprometido.

Ø CAMPO: Em provas de arremessos, o atleta hemiplégico freqüentemente demonstra flexão de quadril no lado afetado ao invés de hiperextensão. A rotação do tronco durante um arremesso, também indica perda de fluência. No lançamento de dardo, a mudança da corrida de aproximação para a fase de arremesso, demonstra esta dificuldade claramente.

Ø NATAÇÃO: É percebido braçadas assimétricas. Nadadores exibem sinais de espasticidade hemiplégica e são improváveis de serem capazes de realizar braçadas de peito simétricas. Muito pouco hemiplégicos serão classificados na classe 8.

PERFIL FUNCIONAL – CLASSE 8

Implicação mínima

Esta classe é para atletas com: diplegia com grau de espasticidade 1; hemiplegia com grau de espasticidade 1; monoplegia; atetose/ataxia mínima.

De acordo com o critério de eligibilidade, o atleta deve possuir uma restrição óbvia de sua função, sendo evidente durante a classificação. Isto significa que deve ter evidência clara de espasticidade, movimento involuntário e/ou ataxia.

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